Confira as diferenças entre depressão, fobia e neurose

Neste período de pandemia em virtude da Covid-19, notou-se um aumento de números em casos de pessoas com doenças de cunho psicológico, como depressão, fobia e neurose. De acordo com um levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Síndrome do Pânico é um agravante que assola cerca de 2 a 4% da população mundial. Por conta deste fenômeno, inúmeras obras audiovisuais abordam esses temas, como o curta-metragem “Pináculo”, estrelado por Andriu Freitas, que foi indicado à premiação de dois festivais internacionais: Independent Shorts Awards (EUA) e High Tatras Film & Video Festival (Eslováquia). Confira o filme na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=twAf-rLBsgw&ab_channel=AndriuFreitas

De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), depressão, fobia e neurose estão caracterizadas como transtornos psiquiátricos, sendo que um pode vir como queixa principal, enquanto os outros podem surgir como comorbidades ou reações dentro das síndromes. Segundo a psicóloga cognitivo-comportamental, Rosana Cibok, a característica da depressão está relacionada à autodepreciação. “O indivíduo seleciona apenas fatos de sua vida que sejam congruentes com seu humor negativo, referindo-se a eles de forma absoluta”, explica a psicóloga.

Enquanto a depressão reforça os aspectos negativos que se configuram nos sentimentos de profunda tristeza, angústia, falta de prazer, desesperança e ideação suicida, a fobia está atrelada a um quadro de ansiedade, que representa um medo irracional diante de um agente fóbico. “Muitos indivíduos convivem com suas fobias, desenvolvendo estratégias de evitação que não os colocam frente a frente com o agente fóbico. Essas estratégias, por vezes, levam o indivíduo à inatividade e ao isolamento social, que podem culminar com os sintomas da depressão, mostrando aqui uma comorbidade”, define Rosana.

Já quando se trata de neurose, a psicóloga afirma que este é um transtorno de afetividade, em que se experimenta sentimentos e reações incontroláveis diante das situações mais comuns. “Uma pessoa com neurose percebe a realidade como todo mundo, mas faz julgamentos distorcidos desta realidade”. Também existe a classificação de neurose fóbica, em que o indivíduo sente intenso medo de uma situação ou objeto que ele sabe que não representa perigo. “Ele externa suas angústias através das fobias, transformando esta ação em uma obsessão, levando ao isolamento social e até a depressão”, esclarece a especialista.

Apesar das doenças psicológicas estarem presentes na humanidade há muito tempo, fatores como a pandemia de Covid-19 servem como agravante para quadros que até então eram leves ou despertam o sintoma naqueles que ainda não o tinham. Segundo a psicóloga, indivíduos com quadro de depressão podem estar propensos a fazer julgamentos distorcidos, sem conseguir criar estratégias para combater a doença. “O medo pode se transformar em fobia, pois a distorção da realidade com o isolamento social, o medo de contrair o vírus, de perder o emprego, da privação, acentuam o percentual de casos”, afirma Rosana.

Como alternativa para que se possa evitar agravamento de quadros envolvendo doenças psicológicas durante a pandemia, a psicóloga conta que costuma orientar seus clientes a fazer um filtro de consumo relacionado às informações diárias. “Quando temos uma teoria, buscamos fatos que as confirmem. Portanto, se você pensa que vai morrer diante do quadro mundial que se apresenta, acaba indo atrás de informações que comprovem isto, levando a quadros ansiogênicos”.

Segundo Rosana, cada pessoa tem um funcionamento psíquico, mas existem medidas que funcionam de maneira geral. “Fazer meditação, relaxamento, assistir a comédias, ler bons livros, focar na atenção no trabalho, na família, enfim, tirar o foco do problema. Eles costumam ser maiores de acordo com a importância que damos a eles”. Rosana ressalta que esta orientação não se trata da prática de alienação, mas é viável que o consumo de informações seja ponderado, que a fonte seja séria e comprometida com a ciência.

Problemas psicológicos retratados no audiovisual

De acordo com a psicóloga, as produções audiovisuais de um modo geral buscam acender uma luz em relação às doenças, assim como o cinema que trabalha com ficção, criando cenários lúdicos para a informação. “São essenciais para a propagação do conhecimento das doenças psicológicas, diminuem o tabu, aproximando as pessoas de situações que possam estar sendo vivenciadas dentro da própria casa e, por vezes, passam despercebidas. Eu não consigo me lembrar de nenhum filme ou série que tenha levado a informação de forma leviana, ao contrário, gera mais curiosidade pela busca de mais informação”, explica Rosana.

Ao longo da história, a psicóloga conta que este é um tabu que vem se desmistificando, visto que na Idade Média, as doenças mentais eram consideradas punições divinas. Ainda há um número de pessoas que tiram suas próprias vidas por ignorarem que estejam doentes, situação que poderia ser tratada caso houvesse ajuda profissional. “Boa parte dos indivíduos afetados não têm confiança para falarem abertamente de suas questões, o que torna os problemas mais graves. Estas doenças trabalham de forma silenciosa e quando o indivíduo resolve conversar e contar o que sente, em sua maioria, os casos já estão associados à outras, levando às comorbidades”, finaliza